Era um lindo vale, cortado ao meio por um
rio de água muito limpa, que nascia em uma montanha e descia formando poços e
cascatas; ladeado por duas grandes montanhas. Mais abaixo as montanhas aproximavam-se, afunilando o vale e apertando o rio que se precipitava em uma
grande cachoeira.
O vale era muito bonito e extenso,
abrigando belas porções de planícies entre as margens do rio e as montanhas,
ricamente aquinhoado de vegetação: plantas e flores. Entre as plantas muitas e
variadas espécies frutíferas. O único fator de desconforto era que, uma
observação mais atenta não revelava nenhuma saída dele, parecia bastante
isolado em relação à parte externa.
Eram ao todo doze mulheres que viviam ali,
haviam erguido algumas cabanas para se abrigarem, alimentavam-se de frutas.
Eram quase todas idosas e viviam em harmonia, exceto três delas que pareciam um
tanto inquietas com a vida no vale e de vez em quando brigavam.
Clotildes era
uma senhora de aproximadamente setenta anos, não sabia há quanto tempo estava
ali, nem como chegara. Quando ela chegou já encontrou algumas; outras chegaram
depois. Agora fazia bastante tempo não chegava mais ninguém, ela sentia que não
mais chegariam e, seja lá o que fosse aquele grupo, ele estava completo.
Ela conhecia bem as plantas, conhecia
muito bem e utilizava as ervas medicinais, para si mesma e para as outras,
fazendo vários tipos de chás e caldos, muito reconfortantes e restauradores.
Ultimamente estava mais atenta e andava bastante, observando o vale, primeiramente
sozinha, depois convidava outras mulheres para andar e observar.
O vale era bastante grande e não faltava
nada para elas, aparentemente poderiam ficar ali por muito tempo
tranquilamente, mas algumas se inquietavam e reclamavam querendo sair, mas não
sabiam como.
Clotildes chamou sua amiga Aurora para
conversar:
— Aurora! Nós estamos aqui há bastante
tempo, mas de algum tempo para cá, estou sentindo algo diferente, as mulheres
estão inquietas, mais agressivas.
— Eu também tenho observado isso -
respondeu Aurora - Tenho conversado com elas, tentando acalmá-las e ao mesmo
tempo saber o que as incomoda, mas não tive muitas respostas.
— Vamos fazer o seguinte: vamos convidar
todas para conversarmos juntas.
Marcaram para aquela
tarde à margem do rio em uma pequena praia tranquila, entrecortada de pedras.
Todas se fizeram presentes e começou a reunião.
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